Em 21-09-2016.

Evento realizado pelo Sesc Brusque em parceria com o Sindilojas, lança oficialmente a quinta edição da ParaCopa Sesc

Lágrimas. Sejam elas de alegria ou emoção. A palestra “Não sabendo que era impossível foi lá e fez”, ministrada pelo fundador da Associação Desportiva para Deficientes (ADD) e membro do Comitê Paraolímpico, Steven Dubner, lotou o teatro do Centro Empresarial, Social e Cultural de Brusque (CESCB), na noite desta quarta-feira, 21 de setembro. O evento, realizado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), em parceria com o Sindilojas, abre oficialmente a quinta edição da ParaCopa Sesc, que até este domingo será realizada em Brusque.
Considerada uma das 10 melhores palestras do Brasil, apatia e indiferença não fizeram parte do repertório. Inspirado em histórias reais de superação através de esporte, o foco estava no desafio do próprio limite, alcançando resultados difíceis de imaginar. Ao mesmo tempo, Dubner desconstrói o estereótipo de “frágil” ou “coitado” e apresenta a pessoa com deficiência curada, bem resolvida, capaz de achar graça das próprias limitações. “O maior problema do Brasil é a falta de informação. O país não tem contato com o deficiente, não conhece esse mundo, não tem qualificação e faz leis ridículas que, ao invés de incluir, começam a segregar. Exige da empresa uma cota para a contratação de deficientes, mas não pensa sobre inclusão e acessibilidade. É preciso preparar a escola e os professores para educar essas crianças. Mas é tudo errado, não tem transporte, ninguém sabe como trabalhar com o deficiente. As pessoas envolvidas na nossa associação precisam estudar até a universidade, caso contrário, não jogam. Porque, quando formados, eles estão de igual para igual e não precisam de uma lei para ajudá-los. As pessoas que fazem leis no Brasil são muito ignorantes”, adverte Dubner.
Para ele, ainda com o exemplo de uma Paraolimpíada dentro de casa, pouca coisa deve mudar para os portadores de necessidades especiais. “Trabalho nisso há 40 anos. Toda paraolimpíada dizem que vai mudar e não muda nunca. Isso é educação, uma questão muito mais ampla do que apenas um evento. Termina a paraolimpíada e acabou, você não vê mais nada. Alguns países transmitem ao vivo o evento mas, aqui no Brasil, nenhum canal de televisão aberto se interessou. É ridículo! Só de sentar na arquibancada e olhar os atletas com deficiência já é uma porrada. Você não acredita o que as pessoas fazem sem perna, sem braço, sem mão. É um impacto tão grande, incrível”, ressalta.
O palestrante lembra que, pelo mundo, encontrou hotéis exclusivos para deficientes, porque a demanda é grande. Já no Brasil se encontra esse tipo de acessibilidade apenas por força de uma lei batalhada por anos. Ainda assim, enquanto viajava com a equipe ou como técnico da seleção, muitas vezes precisou se hospedar cerca de 30 quilômetros distante do local da prova, por pura falta de acessibilidade dos hotéis.
Dubner também falou sobre o atleta brusquense Matheus Rheine, medalha de bronze nas Paraolimpíadas de 2016. “Pessoas e atletas com deficiência enfrentam dificuldades para sair de casa, trabalhar, estudar, pegar ônibus. Matam três leões por dia, correm quatro maratonas. Matheus é um exemplo, mas cadê o resto? Cadê as outras crianças deficientes? Como desenvolver uma nação de atletas com deficiência se eles estão em casa, sem fazer nada? Matheus é exceção. Mais legal do que falar da medalha de bronze é estudar como ele chegou lá, porque daí vai ser porrada, vai ser medalha de ouro”.

Realizadores
O gerente do Sesc Brusque, Edemar Luiz Aléssio (Palmito) está satisfeito com a nova edição da ParaCopa Sesc, um projeto inspirado no basquete para cadeirantes, que há mais de 10 anos é desenvolvido no local e serve de referência para o Brasil. “Mas o ponto alto é a palestra do Steven, que tem profundo conhecimento na área do esporte para deficientes. O Sesc está feliz por abrir essa possibilidade para a nossa cidade de prestigiar pessoas que trazem um pouco mais de conhecimento, através de suas experiências”, salienta Palmito.
Já o presidente do Sindilojas, Marcelo Geaverd, ressalta a importância do assunto, sobretudo de se lançar um olhar com mais sensibilidade às pessoas com deficiência. “Pelas estatísticas do Steven, Brusque deve ter cerca de 12 mil pessoas com deficiência. É um número expressivo, fiquei impressionado e espero olhar mais para essa questão daqui para frente”.

Paracopa Sesc
Realizada na unidade do Sesc Brusque, entre os dias 21 e 25 de setembro. O objetivo é oportunizar a prática de atividades esportivas para os portadores de deficiência, com foco no nível de inclusão e integração. Além disso, promover discussões e reflexões através de palestras, diálogos e uma programação paralela para conhecimento das pessoas com ou sem deficiência sobre os esportes adaptados.

Programação

Dia 22 de setembro

Oficina de Basquete em cadeira de rodas Horário: 8h30 – Local: Sesc

Oficina de Futsal para Deficientes Visuais Horário: 14h – Local: Sesc

Oficina de Basquete para Deficientes Intelectuais
Horário: 17h – Local: Sesc

Dia 23 de setembro
Oficina de Bocha Paraolímpica Horário: 8h30 – Local: Sesc

Oficina e Jogo de Basquete em Cadeira Sobre Rodas
Horário: 10h – Local: Sesc

Abertura da Paracopa Sesc
Horário: 17h30 – Local: Sesc

Início da 10ª COPA SESC SC DE BASQUETE SOBRE RODAS
Horário: 18h30 – Local: Sesc

Dia 24 de setembro

Jogos da 10ª COPA SESC SC DE BASQUETE SOBRE RODAS
Horário: 9h – Local: Sesc

Oficina e Jogos de Tênis de mesa
Horário: 14h – Local: Sesc

Oficina e Jogos de Xadrez para Deficientes Visuais
Horário: 14h – Local: Sesc

Encontro do Grupo de Pessoas com Deficiências- Dinâmicas e Atividades de Integração Horário: 14h – Local: Sesc
Dia 25 de setembro

Finais da 10ª COPA SESC SC DE BASQUETE SOBRE RODAS
Horário: 9h – Local: Sesc

Festival de Futebol Suiço para Deficientes Auditivos Horário: 8h30 – Local: Sesc

Vôlei de Areia Feminino para Deficientes Auditivos
Horário: 8h30 – Local: Sesc

Geral

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